Abre parêntese:
Me deu vontade de fazer esse parêntese antes do próximo post pra esclarecer algumas coisinhas pra vocês, antes que alguma autoridade peça a minha interdição.
Seguintch, tenho recebidos inúmeros e-mails de gente querida-ou não – muito preocupada com minha sanidade mental, já que m quase todos os posts eu faço uma menção honrosa ao Guilherminho, meu médico dos ânimos.
CALMA gentes, eu não tô ficando louca por não dormir, não é isso....! Insones desse meu Braseel, podem respirar aliviados que não dormir não provoca esse tipo de loucura. Provoca outras perturbações e tals, mas não necessariamente precisa partir para um psiquiatra.
Vou contar meio que por cima, pincelando, por que isso é assunto prum outro blog (que eu tô pensando seriamente em escrever, vai que isso sirva de ajuda a outras pessoas doidas que estão passando por esse tormento igual quenem eu passei, né?)
Seguinte pessoas, sofri por alguns anos de um negócio terrível, péssimo, monstruoso, leguminoso, chamado Síndrome do Pânico. Morri? Não, ainda tô aqui. Mas, juro por tudo qué sagrado que achei que estava morrendo. Essa mer#*@ de doença traiçoeira te faz acreditar que você está partindo dessa pra uma melhor, de meia em meia hora. Além de paralisar sua vida de uma tal maneira que você acredita sim, que sumiu do mundo.
Fui deixando de lado o trabalho que estava fazendo, pois não conseguia mais pegar uma estrada e muito menos ficar presa dentro de um carro por mais de 2 minutos. Parei de andar de carro, porque achava que ia sufocar. Parei de andar na rua, porque tudo era muito assustador, árvores, pessoas, nuvens, paralelepípedo. Parei sair de casa porque achava que o mundo lá fora iria me tragar a qualquer momento.Parei de sair do quarto, porque as pessoas aqui de casa ficaram todas esquisitas e fantasmagóricas e porque poderia morrer no corredor indo pra sala. E tinha dias que nem da cama conseguia levantar por que não tinha a menor força. Fiquei mulambenta igual um 'ligeira'(mendigo), como diria minha avó. Banho então, nem pensar (mintira, foi só 1 dia). Ir até o chuveiro era como se tivesse indo pra câmara de gás e quando passava o xampu na cabeça tinha vontade de sair correndo pelada toda cheia de sabão pra debaixo do cobertor. Parei de comer porque o cheiro da comida me dava ânsia de vomito. Fui ficando fraquinha, fraquinha e acabei emagrecendo 6kg (podia ter mantido, né?) e acreditava piamante que eu não fazia mais parte desse mundo e sim daquele outro em que eu vivia uma realidade totalmente irreal (é muito louca essa sensação. Louca no sentido ruim e nao bão da palavra).
Até que depois de muito relutar e aceitar( aceitar foi o mais difícil) que tava doente – sim, isso é uma doença - eu atendi aos apelos da família marido e amigos e aceitei iniciar um tratamento com remédios, daqueles que se compra com a receitinha azul, com nome, endereço, telefone e antecedentes criminais e sussurrando no ouvido do farmacêutico, pra ninguém achar que você é um Serial Killer. E quem me receitou os tais, foram exatamente Guilherminho, o cara que me resgatou do fundo da mina do Atacama. Por isso menciono tanto seu nome, de agradecida que sou a essa pessoa, que foi médico, amigo e antes de tudo foi muito mais paciente que eu, a paciente propriamente dita.
No início do tratamento tive uma piora considerável e contei muito com o apoio da família amigos marido e gatos e maritacas e hamsters. Trinta dias que se seguiram como num inferno. Não acostumada a esse tipo de drogas, pois as que eu usava eram beeem diferentes (apagar depois), eu andava cambaleando e batendo com a cabeça na parede no meio da noite que nem um zumbi(não tanto como agora, só esclarecendo), via uns flashes coloridos, roxo, pink, verde limão...(isso foi legal) e levava choques pelo corpo (isso nem tanto). A partir daí fui melhorando, voltei a comer, voltei a comer muito, voltei a tomar banho todos os dias( glória a deus senhor), fui aos poucos entrando dentro do carro de novo, me jogando no meio da multidão de um banco lotado por exemplo e fui ficando bem bem bem muito bem bem muito bem mesmo, bem demais que me empolguei e PIMBA, engravidei!
Depois do pai da criança, a segunda pessoa que eu liguei pra contar o fato foi Guilherminho. Entrei em parafuso, já que essas drugs são terminantemente proibidas para uma grávida. Pensei que poderia abortar a qualquer momento ou o neném nasceria deformado. Uma agonia sem tamanho. Mas aí ele explicou que com 1 mês ainda não tinha muito problema, mas que eu deveria parar com os remédios sim. Aí ele vira pra mim todo meigo: “MAS PARE HOJE!” O que teria que ser gradativo e com acompanhamento, foi assim no susto.
Meu parto começou aí, no primeiro mês de gravidez. Parei. Sofri. Tive crise de abstinência.Tive recaídas horríveis. Tive crises fracas, crises médias e uma crise forte. Enfim, passei uma gravidez ducão. Ligava pra ele todos os dias, perguntando: “e aí, já descobriram uma p@#$ de um remédio que é permitido pra gestantes?” E ele sempre me dando força, dizendo, calma Ju, faltam só 6 meses, 5 meses, 4 meses e aí por diante...
Segui firme- forte tentando esquecer de mim (se bem que isso não depende tanto do nosso querer) e passei a pensar só na Lulu. Me agarrei nessa vida dentro da minha barriga, como quem agarra numa bóia no meio da correnteza.Meu único pensamento era “ Não posso”. "Não posso tomar remédios por que faz mal a ela, não posso ter crises por que faz mal a ela; Como posso ter essa sensação de morte iminente se tenho uma vida dentro de mim?" Era confuso e doído.
Me apoiei nesse serzinho intra-uterino com toda a força que só uma mulher que carrega uma vida dentro dela pode ter, e fui vivendo um dia de cada vez. Lutando a cada segundo (mesmo) e matando um leão por dia.( Tô meio CVV?)
Uns dias antes do parto, Guilherminho me ligou e dizendo pra avisá-lo quando parisse, que ele mesmo ia me trazer os benditos remédios. Só que aí, como eu não sou de facilitar as coisas, decidi que iria amamentar, teoricamente até Lulis completar 6 meses, portanto nada de remédios nesse período. A melhor e a pior decisão da minha vida. Sofri horrores sim, mas era aí que eu encontrava mais força pra seguir adiante. Assistir o ótimo desenvolvimento dela, só com 'leite de peito', ficou sendo o meu remédio.
E ninguém acreditou que eu fosse realmente amamentar até os seis meses. E eu amamentei. Seis meses, um ano e mais 15 dias, quando, como vocês já sabem, ela me trocou por uma....não consigo falar o nome daquele objeto.
Enfim, já tem dois meses que parei de amamentar e mesmo estando beeem melhor, ainda tem dias que sinto a maldita crise se aproximar. Poderia estar voltando aos remédios, mesmo que em doses mais baixas, mas não quero. Tenho o melhor remédio de todos, minha filha, que me dá uma força 'felomenal' , mesmo ela, a bichinha, nem desconfiando disso. E vou continuar lutando pra não precisar mais deles. Se eu consegui até agora, eu consigo mais um pouquinho, némesm? E é por ela. Sempre por ela.
Agora vou parar por aqui, porque senão, daqui a pouco, invés da Astrid é Sonia Abrão me chamando pro programa dela. Gi-zuis me morda!
Fecha parêntese.
PS: Claro que não posso deixar de mencionar, Flávia, minha psicóloga que também superajudou a segurar as pontas durante toda a gravidez. Beijomeliga, linda. Mas liga de tarde porque de manhã eu durmo ; p