Acabo de assinar um papel que autoriza minha filha, aquela bebê, aquele bebezinha, a participar de uma excursão em OUTRA CIDADE. O-U-T-R-A C-I-D-A-D-E. Minha pitica em OUTRA CIDADE. Sozinha. Sem pai, sem mãe, sem vô, sem vó, sem padrinho, sem madrinha, sem lenço e sem documento, chacoalhando num ônibus sem ar condicionado e tomando toddynho quente. Minha criança perdida naquela selva de pedras que é a cidade de São Paulo, com aqueles prédios enormes e cheio de dentes e ela tão pequenininha e tão indefesa....
Será que vai ter etiqueta com nome endereço e telefone colado ao uniforme? Será que pode tatuar meu nome e celular no pulso dela? Microchip, como faz pra instalar na nuquinha? Li que é um procedimento simples, vou procurar no google....
Onde eu estava com a cabeça quando assinei isso? Meu bebê! Num aquário! Em São Paulo! E se ela cair no tanque de arraias? E se uma cobra d'água escapar? E polvo? Polvo tem 8 tentáculos, dá perfeitamente pra agarrar oito crianças ao mesmo tempo e puxar todas pra dentro da água e....meu deus.....
Dezessete criancinhas interioranas soltas numa cidade grande. No mínimo 35 adultos pra acompanhar, certo? Vou ligar na escola e perguntar. Perguntar não, exigir. 38, só pra garantir.
E se coincidir de as dezessete crianças cismarem em fazer cocô ao mesmo tempo? Elas não usam mais fraldas! Terá banheiro pra todas? E se for no ônibus? E se o motorista for um louco e mandar as crianças descerem pra fazer cocô no acostamento? Meu deus que perigo. Meu deus! Onde eu tava com a cabeça?
Estou em pânico.
Socorro.