terça-feira, 20 de março de 2012

Meu bebê ganhando o mundo

Acabo de assinar um papel que autoriza minha filha, aquela bebê, aquele bebezinha, a participar de uma excursão em OUTRA CIDADE. O-U-T-R-A C-I-D-A-D-E. Minha pitica em OUTRA CIDADE. Sozinha. Sem pai, sem mãe, sem vô, sem vó, sem padrinho, sem madrinha, sem lenço e sem documento, chacoalhando num ônibus sem ar condicionado e tomando toddynho quente. Minha criança perdida naquela selva de pedras que é a cidade de São Paulo, com aqueles prédios enormes e cheio de dentes e ela tão pequenininha e tão indefesa....

Será que vai ter etiqueta com nome endereço e telefone colado ao uniforme? Será que pode tatuar meu nome e celular no pulso dela? Microchip, como faz pra instalar na nuquinha? Li que é um procedimento simples, vou procurar no google....

Onde eu estava com a cabeça quando assinei isso? Meu bebê! Num aquário! Em São Paulo! E se ela cair no tanque de arraias? E se uma cobra d'água escapar? E polvo? Polvo tem 8 tentáculos, dá perfeitamente pra agarrar oito crianças ao mesmo tempo e puxar todas pra dentro da água e....meu deus.....

Dezessete criancinhas interioranas soltas numa cidade grande. No mínimo 35 adultos pra acompanhar, certo? Vou ligar na escola e perguntar. Perguntar não, exigir. 38, só pra garantir.

E se coincidir de as dezessete crianças cismarem em fazer cocô ao mesmo tempo? Elas não usam mais fraldas! Terá banheiro pra todas? E se for no ônibus? E se o motorista for um louco e mandar as crianças descerem pra fazer cocô no acostamento? Meu deus que perigo. Meu deus! Onde eu tava com a cabeça?

Estou em pânico.

Socorro.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobre insetos, força do pensamento e o amor de uma filha

Claro! Eu sabia que, mais dia, menos dia, isso iria acabar acontecendo. Era uma coisa inevitável e eu sabia! Essas coisas que estão além de nossas forças, que a gente não tem o controle. Destino mesmo, sabe? Cartas marcadas, má sorte, azar, triste coincidência; catástrofe... chame como quiser.

Uma Barata. No tapete. No meu tapete. Uma barata no meu tapete. No tapete da Giuliana. Giuliana, aquela que tem pânico de baratas. Maldita, maldita e maldita ( a barata, não eu).

Tava noite e fui pra sala comer minha nutella. Vi o bicho ali, todo sujo, todo marrom, cor de cocô, dançando salsa no meu tapete.

Na hora senti aquela corrente adrenalínica subir pela minha coluna (igual quando tamo apaixonada só que ao contrário), um certo xixizinho escorrendo pelas coxas. Congelada, imóvel, uma estátua eu fiquei. Um baleiro sortido de emoções passou pela minha cabeça e eu pensava o quão estupida eu fui ao pedir a separação (vejam bem, tudo por conta do inseto. O inseto barata, não o ex marido).

Só eu e Lulu em casa. Eu, Lulu e aquele gremilin no tapete.

Arrisquei um grito, mas não saiu. Saiu pra dentro. Lulu ouviu meu grunhido e veio até a sala:

Lulu: Que foi main?

Eu: Aã ãhhnn la ãn oõo aãaã annn, tipo mulher das cavernas (a aparência tá igual que nem)

Sem conseguir construir uma frase, aponto pra dinossaura

Lulu: mãezinha, é só uma barata!

Eu: Aããn

Lulu acarinhando minha perna mijada: Eu te potejo, mamãi. Eu cuido disso pa você. Fica tanquia.

E nisso ela foi pro quarto pegar sua crocs número 23 pra arremessar sobre um bicho que tinha o que? Uns 18 centímetros?

Quando ela se aproximou daquela coisa horrorosa, o espírito de ratazana saiu de mim, dando lugar ao de mãe que sou. Sim! sou mãe. Sou mãe zelosa, mãe coragem. Jamais deixaria filha minha esmagar um bicho escroto saído do esgoto, que tem gosma branca na barriga e fede. Sou mãe, porran!

Então que segurei a mãozinha dela no ar e, nesse átimo de segundo, a barata olhou pra mim -JURO, ela olhou nos meus olhos (nunca esquecerei essa cena. Vou ter que tratar de stress pós traumático), encolheu as pernas peludas, virou de barriga pra cima e morreu. MORREU! Como assim morreu? Assim: morreu. Fim, acabou, the end. Mó-rreu.

Daí estou me perguntando até agora o que teria acontecido

A) Poder da mente. Bem x mal

B) Infarto de seu nojento miocárdio ao olhar pra minha pessoa

C) Era uma amiga minha de outra vida que reencarnou barata, viu meu pânico, ficou com dó e se fingiu de morta

D) Já tava morta e minha mente fantasiosa construiu toda essa cena em 24 frames por segundo

Até agora não consegui descobrir o mistério, mas ficaram as lições que aprendi com isso:

A) Tenho uma filha corajosa

B) Ela tem uma mãe medrosa

C) Baratas morrem

D) Caso tenha medo de baratas, nunca se separe. Ou case de novo, imediatamente. Ou continue solteira e contrate serviços especializados, o que acho uma baita vantagem: eles fazem tudo que você precisa. TUDO! Fica a dica.