terça-feira, 26 de junho de 2012

Disciplina é liberdade, já dizia o poeta


Naluísa está com problemas técnicos.
Fica procurando o sinal do satélite durante alguns bons minutos por dia. Às vezes horas.
Alguns chamam de birra, outros de manha e outros de problemas psicológicos de cunho gravíssimo. Há quem diga ser a crise existencial dos 3 anos. Terrible three? O médico credita isso tudo ao tal do terror noturno - quando de noite- porque de dia ele não tem a mais vaga ideia do que possa ser. 
Uma crise hitckockiana que bota todo mundo de cabelo em pé. Eu morro de pena, mesmo sabendo que a culpa é minha. Que foi? Sou mãe não sou? Então a culpa é invariavelmente minha e ponto.
Sem motivo aparente, sem ser contrariada, sem se frustrar; do nada absoluto algum gatilho é acionado em seu mundinho interior que faz a crise disparar.  
Ela entra numa espécie de transe. Começa com um crescente irritação até atingir o ápice e fica cerca de 1 hora gritando, se jogando no chão, se machucando, se batendo e batendo em quem está perto. Ela não me reconhece, demodusque ela olha pra mim e pede pra eu chamar a mãe dela. Uma coisa muto loca, tipo uma crise mal sucedida de um LSD que não caiu bem (ACHO).
Tenho dó, tenho raiva. Por que com ela? Por que comigo? Tenho ódio do mundo, do síndico, do Barack Obama, da Carla Bruni por me largarem sozinha num momento como esse, embora muitas vezes eu não esteja sozinha, mas acho que to. Atitude imatura irracional e sonolenta da minha parte, confesso.
Isto posto, me propus a investigar a fundo essa coisa toda. Como? Marcando consultas em médicos, psicólogos, e pais de santo. 
Minha santa mãe se propôs a levá-la em um homeopata novo. O nonagésimo terceiro que ela já foi, acho. A dinda, que anda meio impressionada, por via das dúvidas invoca os orixás da menina todos os dias. E eu to fazendo o que posso, entre o acordar, ir trabalhar e voltar pra casa, tenho consultado quatrocentos psicólogas por dia e uma delas sugeriu que eu trocasse ela de escola, já que o bilinguismo pode ser um fator estressor pruma titica dessas. Uma escola que além de militaresca, falam inglês o tempo todo. Faz sentido, nã?  Deve dar um baita nó na teia neural de uma criaturinha de nem 3 anos, vide o “mom, don't chora. Teardrops são salgadas” Embora eu tenha crises de riso com isso, é grave minha gente!
E onde em toda essa minha vida- moderninha- deixar- minha menininha- sair- sozinha eu iria enfiar ela? Onde onde onde meldels? 
Numa escola paz e amor, claro. Também conhecida como educação antroposófica ou ainda pedagogia Waldorf. Comigo não tem meio termo, não. Soy otcho o oitchenta.
 Lá, crianças plantam alfacem e comem alfacem, plantam minhocas e comem minhocas. Pescam seus próprios peixes para o almoço. Peixes orgânicos. Peixes fakes. Soja fantasiada de peixe?? 
E apesar de eu ser totalmente contra essas coisas ecologicamente corretas, como por exemplo lagartas que viram borboletas, além de ser muito fã do cimento e levantar a bandeira do agrotóxico, estou empenhada em incutir pouco a pouco essa magnífica hippie/chic/ ecoideia na cabecinha dela, porque dizem os junguianos do mato que crianças devem crescer livres, pimponas, corajosas, amigas de jubartes, e sem carregar os traumas e nojos que são da mãe (né mãe? Valeu pela herança lagártica)
Então, pelo bem dela, finjo que natureza é saudável e começo o discurso:
-Filha! Você vai comer fruta na árvore! Se sujar de lama! Levar advertências ao som de bandolins! Vai bordar camisetinhas para crianças carentes quando for pro antigo time out, onde as teardrops não eram reaproveitáveis. Agora vai aprender a escoar suas lágrimas e direcionar para o recipiente dessalinizador, donde surgira água potável para posterior consumo próprio! Vídeos do Rio +20 entarão no lugar de Lazytown e você construirá cabanas com os tijolos de adobe com sistemas hidráulicos de arrefecimento  por luz lunar e com ventiladores eólicos feitos por você e por sua comunidade, digo, classe. Incredible não?
Ela não se convenceu muito ainda, mas estou trabalhando pra isso, e me disse que quem come fruta na árvore é papagaio.
Mas eu to apostando. To com fé, to sustentável. 
A única coisa que mais me mortificará em abandonar essa escolinha atual bilíngue é que quando eu acordar no meio da madrugada pra enxugar o xixi dela e jogar o papel na pia, ao invés de no vaso, ela nunca mais dirá “ what a fuck, mom?”  
Mas pode ser que ela recolha o papel higiênico usado para possível análise de reciclagem. O que também será bonitinho, além de ecopsicologicamente correto.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

E tenho dito



Inspirada por Flávia Werlang, baixou o espirito mãe-solteira-sim-e-daí? e resolvi botar pra fora os incômodos (dos outros) sobre essa minha condição matérnica.
Desde que me separei, eu saio com minha filha para passeios e afins, só eu e ela, ela e eu; e nesta última sexta- feira, resolvi levá-la na pizzaria mais badalada e cheia de famílias felizes de Jundiaí. Coragem? Muita.
Pedi uma mesa para dois. Duas, no caso.
-        - Dois lugares, mais um cadeirão, senhora?
-        -Não senhor. Dois lugares e ponto.
 Mas mesmo assim, o gentil e solícito garçon colocou mais um prato, just in case. Vai-que-né? Aparece algum salvador e tira essas duas dessa maldita solidão.
Sentamos na nossa mesinha e escolhemos nossa pizza. Pessoas passavam olhando como se eu tivesse uma perna amputada num acidente de trator no meio de uma rodovia deserta. Com cara de dó. Como se fossemos duas pobres coitadas. E isso é frequente senhoras e senhores! 
As pessoas sentem pena de uma “mãe largada com uma filha pra criar.” Acreditem, em pleno 2012.
Eu e Lulu somos BR (bem resolvidas, como diz a dinda) e lidamos bem com esse tipo de coisa, mas as pessoas se incomodam, minha gente! Se incomodam demais a ponto de me chamarem num canto e dizerem “fica tranquila, linda, eu acho que vocês ainda voltam. Ele só tá aproveitando um pouco pra galinhar, sabe como é homem né? Mas tenha paciência, vocês formam uma família linda e Deus vai uni-los de volta. Tenho fé”. Tá. Fique com sua fé empoeirada e use-a para conselhos mais edificantes, minha senhora. Essa foi a minha resposta, educada juro, e sorridente, também juro. Porque hoje em dia costumo achar graça.  
Mas nem sempre foi assim. No começo me incomodava com esse tipo de comentários, como no dia em que eu, ele e Lulu saímos para comer um sushi e no meio do jantar, uma moça que nem nunca vi na vida me chama pelo nome e diz “eu me emociono de ver vocês dois juntos. Sempre te vejo sozinha e me da um dó. Eu acho que ele ainda vai pedir pra voltar!” OE??? Agradeci o comentário e comi meu sushi-com-gosto-de-derrota e fui embora triste. Triste porque ainda era leiga nesse assunto. Não sabia lidar e vai que ele pedia mesmo, né? Rá. Hoje em dia mato no peito (murcho)

Será que é tão difícil pra essa sociedade quadrada entender que fui eu Giuliana, a MULHER,  que pedi a separação? Que EU QUIS me separar, que aquela vida não estava me fazendo FELIZ, que eu decidi correr atrás da minha FELICIDADE e jantar numa sexta feira a noite numa pizzaria lotada de famílias felizes me faz feliz também porque Anna Luísa É a minha família e ponto?
Não sofremos de solidão, não somos abandonadas, não somos sozinhas, e muito menos amputadas emocionalmente.
Eu hoje sou o resultado muito bem sucedido de uma escolha eu EU fiz 1 ano atrás, mas o preconceito transforma as pessoas em terapeutas matrimoniais.
E se eu esboço um namoro com alguém-que-não-o pai-da minha filha? Eu sou obrigada a esconder meu namorado dela? Não.Obvio que não vou ficar apresentando a ela os 9.456 caras que eu saio (?Oi?Oi?ô????) mas se tem um que valha a pena, porque não? Tem amor? Tem. To feliz? To. Ele nos trata bem? Super. Então qual o problema? “Nao se apresenta namorado pra filha. Cria traumas”  Peralá. A menina em questã assistir a um casamento desmoronado, que passava longe do amor e do respeito é mais saudável que ver sua mãe feliz com outro homem que não o pai dela?

Eu optei pela separação, eu optei por voltar ao trabalho, eu optei por viver sozinha com ela e, se em (?muito?) breve optar por assumir um namoro, vou fazê-lo sim! Porque isso me faz feliz. E uma mãe feliz e realizada (and apaixonada) faz milagres na vida de uma filha. Ela tá até dormindo gente. Tá mentira. Mas tá mais feliz também, porque eu, a mãe, tô.  E isso é nítido.

E o que mais me surpreende nesse história toda são os comentários que ouço que quando ele sai sozinho com ela. Ele é o cara! O super pai, o herói, o fodástico que sai com a filha sozinha e as vezes até banho dá!!!! Um puta pai! Ok,ele é realmente um puta pai pra Lulu, mas ele é um puta pai e eu sou uma coitada?
Soy yo que fico com a parte punk, eu que seguro todos os rojões do mundo, todos os dias, eu que levanto a madrugada toda e todas as madrugadas para atendê-la, eu que cuido das crises de terror noturno dela, eu que faço almoço e janta, eu que levo ela na escola todos os dias, eu que chego atrasada no trabalho todos os dias para fazer ela parar de chorar na porta da escola... Enfim, eu faço tudo isso porque OPTEI por. Caralhos, gente!
Não estou aqui pra levantar uma bandeira feminista e queimar meu sutiã em praça pública mesmo porque se eu ficar sutiã, entro em depressão. É um desabafo de uma mulher decepcionada com  preconceitos idiotas em relação a essa minha condição de doente contagiosa de mãe solteira que sou.
Mas como disse um amigo meu: quando a gente tá feliz, a opnião dos outros  tem menos importância que um peido de vaca.  Bem por aí, genz... bem por ai.
Então, seguremos- nos- vos- pois mães solteiras e sigamos guerreiras e aparamentadas com escudos psicológicos de maturidade. Isso inclui cuspidas nas caras de velhinhas naftalinizadas e moçoilas muito bem casadas que dormem em cestos de rosas vermelhas,  que vem meter o bedelho em nossa vida. Pisão no pé também pode.


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Maternidade, o lado B. Ou a vida como ela é e não como deveria ser. Ou porque caralhos nunca ninguém me contou isso?



*este post está concorrendo ao melhor post do mundo Limetree  http://limetr.ee/  

Me deu um ataque sincericida. E  de tanto ver mãezinhas falando oh- como- a- vida- é- boa-como- filho- é- mágico, que resolvi falar a verdade. Segurem.  
O que nunca ninguém me contou: (Por que meu deus? Por que?) 
Que aquelas fotos de book gravídico são tudo uma farsa. Mães sorrindo placidamente segurando a barriga e olhando o mar é photoshop emocional. Tudo atriz. A verdade é que na gravidez a gente incha, vira uma orca com elefantíase. Não acha posição na cama, se sufoca com a própria barriga, vive num mundo paralelo. Um mundo regido por hormônios. Que ora estão de bom humor, ora não. E ora não ora não ora não.......
Que passamos 9 meses numa montanha russa emocional com direito a vômitos. Muitos vômitos. Além de diarréias e gases em profusão. Sem contar as hemorróidas. 
Que quando vamos fazer ultrassom ou exames de sangue quase temos um ataque cardíaco de medo. Que acendemos velas, invocamos orixás, jogamos pipoca pra cima e sal grosso pra baixo. Fazemos promessas pra que no temido morfológico apareça o osso nasal, vinte dedos e um coração que bate.
Que vamos todas corajosas levantar a bandeira do parto normal. Porque é o natural, é assim que deve ser. Sou forte. Sou índia. Vamo lá ficar de cóccix e botar uma vida pra fora. Só que atrás dessa bandeira estamos si-ca-gando de medo de aquela alcatra arregaçar nossas partes pudendas para todo sempre. Optamos então pela cesárea. SIM OPTAMOS, porque vivemos no Brasél e aqui pode se optar por. Mas claro que nas rodas matérnicas vou dizer que não foi opção, que minha filha tava com cabeça pra cima, que não tive contração e muito menos dilatação (na verdade, meu corpo usou esse mecanismo de defesa contra o medo) e dá-lhe cesárea. 
Mas quem disse que esse tipo de parto é simples, lindo, pimpão? Um corte de ponta a ponta na sua barriga do tipo ligue os pontos, formam um ‘smile’, aquela carinha sorridente, e que quando você olha no espelho, tem vontade de chorar e pensa: putaquepariu, me cortaram de cabo a rabo, nunca mais vão me amar.
Mas isso não é nada perto do que esta por vir. O neném. Sim, o neném.
Dizem os livros, revistas, amigos e parentes que você deve se sentir, (veja bem DEVE no sentido de dever, não de probabilidade), arrebatado por uma amor incondicional assim que pega seu filho nos braços. An.  E é nessa hora que você tem que dizer: meu deus que coisa linda! E foi nessa hora que eu disse: meu deus é um joelho?
É amor?  Explosão de felicidade? Na hora do parto? Cheia de agulhas enfiadas nas veias? Com um corte de 10 cm da sua barriga, com oito camadas suas expostas à uma equipe que conta piadas de judeu enquanto cavoca o seu útero e joga uma gaze suja na sua coxa? O que chamam de amor eu chamo de me tirem daqui. Aflição. Só Madre Teresa, se não fosse Madre, sentiria essa amor imediato pulsante, incondicional, acredito eu. Ou Dalai lama. Tenho uma amiga  foi  um pouco mais além, mas cada um sabe de si, né? “Tirem esse verme daqui” foi o que ela proferiu quando viu seu bebê. Acontece, gente. Quem é mãe sabe que acontece, mesmo que vocês abafem isso e guardem num baú a 18 palmos da terra esse tipo de emoção. Isso volta hein? Hora ou outra isso volta pra você. E melhor jogar pra fora. E não precisa ser taxada de psicopata por isso, os hormônios estão ai pra isso, pra culpar-mo-lhos. Assim como a depressão pós parto. Lindo. Uma criança saudável, faminta, com cabelinhos até! mas que chora pra caralho. Uma criança que é capaz de chorar por 10 horas seguidas. Não há amor incondicional que suporte o Baby Blues sem sucumbir.
 Nesse momento você olha para a janela do hospital. Confere se é alta. É alta. Sim!!!Pensamentos suicidas ou homicidas (que inclui todos aqueles parentes distantes que vão te ver pelada no hospital), passam a todo instante na cabeça das pobres mães. É, pobres mães, porque a gente não tem culpa de ser nardoni nessas horas. É uma coisa de deus, ou do diabo sei la. Mas não é da gente. É do universo, porra.
Daí ce leva o verminho pra casa, já sentindo alguma afeição entre um bocejo e outro, entre uma regurgitação e outra, entre um putaquepariu e outro.  Ele ri, você ri, ele chora, você chora, ele ri, você chora, você chora e ele chora, choramos. Choramos muito. Choramos por cansaço, por não saber lidar e por solidão. Sim solidão. Sentimos uma solidão intrínseca-visceral. Mesmo com alguenzinho grudado em seu peito, nos sentimos sozinhas. Adultas sozinhas, adultas crianças. Somos crianças e mais uma vez choramos. Desamparadas pela vida e por todos os nossos entes queridos mesmo que eles estejam no mesmo cômodo que nós. Não dá pra explicar. Só quem já foi mãe de um bebê de 1 mês sabe. SABE SIM do que tô falando. Não dissimulem. 
Daí ele cresce um tico, já levanta aquela cabeça balançante tipo cachorrinho- de- porta- mala- de- carro-de-pobre e você pensa WOW, tomara que comece a andar logo, minhas costas não aguentam mais esse peso. Quem ele pensa que eu sou? Um burro de carga? E lá vai você fritar bife com o pingente no colo; fazer cocô com ele te sorrindo no bebê- conforto posicionado estrategicamente a frente do vaso sanitário,   tomar banho enquanto ele cochila escorado por almofadas na sua cama “e se ele virar e cair?”  daí ce corre do banho enrolada precariamente numa toalha, pingando sangue. Ahhh sim, ninguém me disse que eu hemorragiria por quase 90 dias após o parto. E que gastaria em modess o equivalente a um Sandero 2012. Fora as vezes que você tem que almoçar com com ele penduradinho nas suas tetas. Quem nunca?
Tetas. Tetas sim. Seios não pra quem nunca amamentou. Porque a gente se sente uma vaca. Uma vaca esperando a hora do abate, que nunca chega.
Quantas vezes esqueci, ou não deu tempo de jantar, de tomar banho, adiar o xixi ate sua bexiga implorar por um Pyridium na veia?
Fora a vaidade. Que vaidade? Passamos a evitar colares, pulseiras, brincos e anéis, porque machucam os bebês e eles podem arrancam e se você tiver um milésimo de segundo distraída eles enfiam na boca e engolem felizes o seu anel de ouro rosa da Vivara, aquele que você que tá pagando a quinta parcela ainda. Corremos pro hospital preocupadas com a saúde deles, em prantos, e depois que o anel sai esquecemos eles no canto e vamos lá limpar  toda a bosta da nossa jóia, amaldiçoando a nossa criança.
Daí começam a andar, ahhhh que legal o andar! Essa fase é mágica, se você mãe, for maratonista. Por que só assim pra dar conta de correr atrás de 80 centímentros hiperativos all day long. Você cansa. Cansa demais e pensa... porque ele foi andar tão rápido meu deus?! Na verdade eles não aprendem a andar e sim a correr. Já nascem Robson Caetano.
Começa aí a aparecer alguma independência. Ufa! Você já pode ir pra cozinha cortar meia cebola enquanto ele fica na sala enfiando o controle remoto na boca, e você pede pra tirar, e ele põe e você pede e ele põe, ad infinitum. Daí ce desiste e aproveita pra chorar botando a culpa na maldita cebola. Mas leitora, não é a cebola que te faz chorar, é o seu filho, não se enganem.
Ter um bebê exaure, suga, chupa sua força. Ter uma criança exaure, suga chupa, engole, extingue suas forças. Dizem que na adolescência essa progressão aritmética piora. Oremos.
Falando em orar, eu até rezava antes de dormir, quando grávida. Depois n-u-n-c-a mais lembrei. Esqueci o Pai Nosso, o Salve Rainha, a Ave Maria. Só lembro do Credo. Credo que canseira, credo que feia que eu tô, credo que gorda, credo que vida!!!!
Vida social, esquece. Vida social de mãe de bebê é ir no supermercado e compartilhar os benefícios do Prebio1 no corredor de leite em pó. É saber que a Pampers absorve bem menos xixi que a Huggies, mas pra cocô é excelente. E o cocô hein? Milho inteiro e confundir beterraba com sangue é motivo recorrente de pânico pra mães desavisadas. Dá-lhe pediatra. Pobre médico de mãe de primeira viagem; esse ser é o que mais sofre. É cada pergunta, que hoje, quando lembro que liguei as 5 da manhã pra perguntar o que fazia com uma picada de pernilongo, me faz querer morrer. Mentira. Foda-se o médico. Ninguém mandou ser pediatra.
Aí chega o momento de os pimpolhos frequentarem a escolinha. Você começa a vislumbrar a sua independência. Seus braços ficam livres por meio período e você pode dormir. Pode? Não, não pode.  Você tem que lavar louça, roupa, chorar, fazer comida, chorar, trabalhar, chorar, tomar banho-se der- e ir buscar ele na escola. O que você fez nessas quatros horas? Viveu? Não. Sobreviveu a mais um dia. Tipo AA – mais um dia.
Se você for casada, chega a noite, entre um acordar e outro de seu filho, vem maridão encostar o pé gelado no seu. Se ele tiver sorte, você nem acerta o saco dele. Mas a intenção é essa.  E quando você não tem marido, você se sente uma miserável por nem ter um pé gelado pra se enroscar com o seu.
E quando calha de além de ingressarem na escola, os filhotes desmamarem? Ohhhhh independência máster. E se adicionar o desfralde? Isso é vida!! Engano ledo (mais um). Xixi por toda a parte, xixi de noite, xixi de dia, xixi na calça, xixi na cadeirinha do carro, xixi no shopping. Fora o cocô. Vida de cão. Nessas horas seus peitos já estão no chão, junto com sua auto estima. Peitos no chão, perna mijada, feijão no dente,  cabelo bicolor. Reze pra estar na onda do ombrè hair na época que seu filho nascer. Ou melhor antes de nascer, porque na gravidez é expressamente proibido tingir o cabelo (mas isso burlamos, viu ginecos? Temos técnicas transcendentais para isso)
Fora isso tudo aí supracitado, tem as birras em locais públicos e não públicos, tem os pesadelos, tem o terror noturno, tem o vamos brincar quando você chegar do trabalho, tem o não quero brócolis só chocolate, tem o posso dormir aqui com você, tem o..........
A lista é infinita e minha filha não tem nem 3 anos.
Mas sou a favor da sinceridade para com as outras mães. Conto. Conto tudo mesmo, para que pensem 2, 3, 4, 8 vezes antes de abrirem as pernas sem camisinha.
Ser mãe é padecer. O paraíso é história pra boi dormir. – eu podia ter tido um filho boi. Pelo menos dormia. (apagar) 



PS1: Claro que tem o lado A, mas esse todo mundo conta. Quando sarar minha TPM eu conto. 


PS pra mim: excluir esse post do blog assim que Lulu for alfabetizada.



*Clique no selo ao lado para votar, A PARTIR DA PROXIMA SEXTA FEIRA, dia 15. Obrigada. Preciso ir pra NY!!