É wilson, Lulu não quer excolinha. Bora chorá junto comigo?
Juro que pensava que escolinha era a solução mágica pra todos os meus problemas, que lá ela ia pular, correr, brincar, aprender biologia marítima, socializar, arranjar um namorado, casar, chegar em casa, deitar, dormir e sonhar com Bob Esponja, aquele lindo. Ledo engano.
Começamos a adapatação há um mês meio, mais ou menos.
No primeiro dia, tudo beleza, tudo tranqüilo, tudo pimpão, exceto pelo exército armado de lagartas-transformers que parecem ter invadido a escola numa espécie de vingança contra o mundo, com seus corpos gosmentos e peludos.
Sim, lagartas por todos os lados, na cozinha, na sala de aula, nas mochilas das crianças. Achei isso um tanto quanto nojento e ameaçador, mas aí a psicóloga da escola me chamou num canto e me ensinou a trabalhar essa aversão, lembrando que elas virarão lindas borboletas ululantes na terra de godah levando beleza colorida mundo afora. Arram, senta lá psicóloga. Que eu vou sentar no banco que não tem lagartas. Obrigada.
Bom, ao que parece, as crianças não ligam pra elas e é isso que importa não é, Giuliana?
O fato é que Lulu chegou ahazando na escola, sociável e saltitante que é, não poderia ser diferente. Quase uma vereadora mirim, faz amizade como quem toma água. Chegou bem no meio de uma aula de futebol dos marmanjo de 3 anos. Adivinhem o que aconteceu? A velha se mandou e o jacaré morreu? O jogo foi interrompido e pelo menos oitos dos nove meninos que estavam jogando, vieram abraçar e beijar minha Lulu. Levei um choque. Não tô preparada pra isso ainda genz! Quase coloquei os guris pra correr, mas aí lembrei que são crianças e tals... ficaram lá uma meia hora bajulando a pequena e ela acabou indo jogar bola com eles. Que linda! Uma Martha, praticamente.
Brincou, correu, pulou, divertiu a torcida, foi passear com as tias no parquinho, enfim não queria mais ir embora.
No segundo dia a mesma coisa, com a diferença que ela não quis subir pra sala nem por um sanduíche de lagartas torradas. E assim foi por uma semana.
Na segunda semana, já começou a chorar que não queria ir na excolinha. Tirar ela de casa e colocar no carro era um verdadeiro parto normal espisiotomizado à forceps que não cicatrizava nunca. Eu levava com o coração sangrando, ela ficava um pouco e logo me ligavam que ela tava quase convulsionando de tanto chorar. Sabe aqueles choros seguidos de vômitos? Então... dó, dó, dó...
Resume-se que eu ia levar e buscar uma hora depois.... não tava contente com esse esquema, até que resolvi tirá-la daquele butantã infantil. Sei que não foi um bom negócio, porque eu tenho zilhões de coisas a fazer, como fazer as unhas, ir no Hopi Hari e, eventualmente, trabalhar. Mas com ela full time é impossível fazer outra coisa que não ensaiar Ilariê no tapete da sala.
Fiquei meio triste com isso, porque juro que achava que ia ser molezinha, dada sua facilidade de relacionamento interpessoal augusto-curica.
Estou pensando em procurar outra escola, porque desconfio que ela garrou algum trauma asqueroso de lá. E algo me diz que começa com 'lar' e termina com 'gatas' (não sou boa em separar palavras)
Enquanto procuro outra escola, vou trabalhar essa minha questão com a bodiversidade ecologicamente correta de nós, seres humanos limpinhos que somos, convivermos com bichos gosmentos e rastejantes mesma selva de pedras.
E quem sabe, com sorte, acho uma escolinha com muito cimento, nenhum coqueiro, nenhuma areia, nada biodegradável, reciclável ou sustentável, nada orgânico.Tudo muito sintético.
Sim, sou dessas.